Pelo palco passaram cantores da velha guarda como Elias Dya Kimuezo, Bangão, Carlos Burity, Bonga, Waldemar Bastos, Calabeto ou Jivago, enquanto da nova geração de cantores estiveram Daniel Nascimento, Caló Pascoal, Konde, Heavy C, Yuri da Cunha, Matias Damásio, entre muitos outros dos mais diversos géneros musicais.
Na rua, enquanto esperavam para entrar, vivia-se um ambiente de grande festa apesar da fila e do sol tórrido.
Os fãs da música angolana tinham como certeza que iriam assistir a um belo espectáculo e sem mencionarem preferências a expressão “vai ser bom”, acompanhada de um sorriso provava o quanto a comunidade angolana em Portugal e os africanos em geral aguardavam pela organização de uma festa assim.
Espectáculo à bela maneira angolana
Ao contrário de muitos concertos, este teve a particularidade de todos os cantores terem conseguido criar uma boa energia com o público, interagindo constantemente e mantendo sem grande dificuldade o seu apoio durante as actuações, contando com o contributo especial da Banda Xamavu, que acompanhou a maior parte dos artistas.
Exemplo de actuações enérgicas foram as perfomances de Pérola, Caló Pascoal, Irmãos Verdades, Big Nelo, Anselmo Ralph, Yola Semedo, Ary, As Gingas, Noite e Dia, Yola Araújo, Matias Damásio e Eduardo Paim.
Para os bons apreciadores de música houve momentos muito especiais como a actuação de Paulo Flores com Tito Paris no tema “Clarice”, Roger e Ary com “Funge na Catchupa”, Caló Pascoal e Grace Évora com “Princesa Rita”, numa demonstração de que o casamento entre Cabo Verde e Angola torna a cultura musical de ambos mais rica.
“Os Meninos do Huambo” cantado por Paulo de Carvalho ao som da guitarra portuguesa e dos batuques a cargo dos Kilandukilo, onde as vozes do público soaram a plenos pulmões para acompanhar um dos mais emblemáticos hinos da música angolana, foi também um momento de muita emoção, a par de “Muxima”, cantada por Waldemar Bastos.
Noite de boas surpresas
Entre a Kizomba, o Semba, o Ballet Tradicional, o Hip Hop e o Kuduro, destacaram-se ainda dois momentos altos do festival, a ópera e a comédia.
Célsio Mambo surpreendeu o público com “Con te Partiro” do italiano Andrea Bocelli, que ovacionou com gritos e palmas o cantor revelação.
Na comédia esteve Calado Show, que prometeu voltar com um espectáculo só dele ainda este ano.
Apesar de algumas falhas no som, que puseram um pouco em causa a acústica do recinto, foram muitas as pessoas que elogiaram o show angolano: “Sente-se o país forte”; “Os angolanos sabem dar festa!”
Sem incidentes, com uma boa organização e com um alinhamento de aplaudir, o espectáculo que começou por volta das 18 horas e terminou muito depois das 3 horas da madrugada teve não só a genuidade dos artistas como do público, que cantou, saltou, gritou, bateu palmas e deu as merecidas “passadas”.
Numa altura em que as vozes já poderiam estar roucas e os corpos cansados de tanto mexer, Ary entrou arrasando com o êxito “Como Te Sentes Tu”, fazendo de seguida um medley de outros sucessos do seu álbum.
Matias Damásio e Yuri da Cunha, dois dos cantores mais aplaudidos nesta noite, brindaram a plateia com “Eu Sou a Outra” e “Kuma Kwa Kié”, respectivamente, despertando aqueles que já não tinham muitas forças para acompanhar este festival.
Foi “karga e surra” com Big Nelo, foi “amor e fanatismo” com Anselmo Ralph, “bicaram-se panelas” com os Vagabanda, “kizombou-se” com Konde e Aleluia “rebentou a casa” com Noite e Dia, Yanick/Afroman, Army Squad, Sandokan e Kalibrados e ainda assim “soube a pouco”.
No palco do Pavilhão Atlântico passaram igualmente Rei Hélder, Puto Prata, Aleluia, Garimpeiros, Bruno M, Margareth do Rosário, Sebem, Sabino Henda, Dog Murras, Ângelo Boss e Dom Kikas.