Angola entra em 2010 sob signo do futebol africano, cujo campeonato decorre no país já em Janeiro, do "contra-ataque" económico, depois de um raro ano sem crescimento, e das "fintas" à corrupção, eleita pelo chefe de Estado como alvo.
O ano de 2009 terminou com a generalidade dos economistas a concordar que não vai haver recessão, graças à recuperação dos preços e da produção de petróleo a partir do segundo trimestre, e as previsões de evolução do PIB variam entre o nulo (Banco Mundial), o crescimento ligeiro (0,2%, FMI) e o mais desafogado (6,1%, Governo).
Para 2010, o ministro da Economia, Manuel Nunes Júnior, aponta para um crescimento económico de 11,6%, mais perto dos 15% registados em 2008, quando os preços do crude estavam acima dos 140 dólares e a produção próxima dos 2 milhões de barris diários.
Os preços e a produção recuaram entre Setembro de 2008 e Março de 2009, fazendo soar as "campaínhas de alarme".
A quebra de receitas obrigou a uma "considerável contenção" da política fiscal no Orçamento de Estado e ao lançamento da primeira grande operação de emissão internacional de obrigações (4 mil milhões de dólares, 2,7 mil milhões de euros), para financiar projectos de reconstrução em curso.
Foi ainda necessário recorrer a novas linhas de crédito, destacando-se a reaproximação ao FMI, que resultou na abertura de um programa avaliado em 1,4 mil milhões de dólares (cerca de 936 milhões de euros).
Num país que organizações como a Global Witness e observadores internos dizem estar minado pela corrupção, o VI Congresso do MPLA ficou marcado pela promessa de "não pactuar com a corrupção e com a apropriação de meios do erário público ou do partido", assinalada pelo líder José Eduardo dos Santos.
As eleições presidenciais, essas, não deverão acontecer em 2010, ao contrário do que muitos exigiam.
O projecto de nova Constituição do maior partido de Angola prevê que o Chefe de Estado seja eleito através do cabeça de lista do partido mais votado para a Assembleia Nacional, cujas eleições só se realizam dentro de três anos.
"E é desejável que o MPLA possa cumprir integralmente o mandato para governar o país que obteve através das urnas no ano passado", disse José Eduardo dos Santos no Congresso.
A nível desportivo, o país acolhe no novo ano, pela pela primeira vez, a Taça das Nações Africanas em futebol (CAN2010), com os estádios angolanos a acolherem alguns dos grandes "artistas" da modalidade, como Didier Drogba ou Adebayor.
De 10 a 31 de Janeiro, a competição estreará quatro novos estádios (Luanda, Cabinda, Benguela e Lubango), três dezenas de novos hotéis e as autoridades esperam aproveitar o CAN2010 para melhorar a imagem internacional de Angola, afectada pela guerra civil entre 1975 e 2002.